Um dos escritórios de advocacia mais tradicionais do Brasil, o Pinheiro Neto está desembarcando na meca da inovação mundial, o Vale do Silício, na Califórnia. A empresa acaba de inaugurar uma unidade em Palo Alto, cidade com cerca de 70 mil habitantes, que é o berço de companhias como HP e Tesla e que fica entre Menlo Park, onde está a sede do Facebook, e Mountain View, a casa do Google.
"A presença no Vale é importante para que os advogados possam entender a forma de pensar e de se comunicar com essas empresas, que são mais dinâmicas e ágeis", diz Raphael di Cunto, sócio do Pinheiro Neto responsável pelo escritório nos EUA. Segundo ele, a unidade não terá uma equipe fixa. A ideia é fazer um rodízio de profissionais das diferentes áreas de atuação do escritório, dependendo da necessidade.
De acordo com Alexandre Bertoldi, sócio-gestor do Pinheiro Neto, o investimento em um espaço físico apenas formaliza uma relação que o escritório já tem com o Vale há muitos anos, com viagens frequentes de sócios para a região. Em torno de 10 associados, como Larissa Garimberti, são formados nas universidades de Berkeley e Stanford e o escritório integra um programa de inovação para legislação em tecnologia de Stanford.
Bertoldi ressalta que o objetivo do escritório não é praticar direito nos EUA. A ideia é que a unidade sirva para imersão e treinamento dos advogados e prospecção de novos clientes.
Ele não revela o valor aplicado na iniciativa, mas afirma que, no horizonte de cinco anos, o retorno será significativo. Hoje, as empresas de tecnologia já representam uma importante fatia dos negócios do Pinheiro Neto, com crescimento de 37% ao ano. Dos 50 principais clientes, entre 10 e 15 são da área, segundo Bertoldi. "Há 10 anos, não tínhamos nenhum", diz.
Além de empresas de grande porte, a demanda tem sido grande por parte das startups, que têm necessidade de adequar modelos de negócios inéditos às regras do país - como a fintechs de crédito.
Na avaliação de Bertoldi a abertura do escritório nos EUA é importante em termos de negócios, mas também representa uma mudança de postura interna do escritório, que tinha reticência em fazer investimentos fora do Brasil, após ter fechado a unidade que tinha em Londres em 2004. (GB)